Dificuldades Internas: Os Momentos de Tristeza e a Realidade Para Superá-los

Em meio a tantas coisas que se passam em nossas vidas, haverá momentos em que a alegria irá se esvair, tornando-se apenas lembranças que, de certo modo, passarão a ser reconfortantes quando nos permitimos lembrar. Daí a tristeza, a dor, o desespero e a solidão resolvem se apoderar do que resta da nossa sanidade. Quando deixamos de exercer um certo controle, não conseguimos reagir às circunstâncias que nos puseram de joelhos, cuja impotência faz parte do mal que estamos vivenciando na pele por não reagirmos aos golpes violentos que nos são desferidos. Lágrimas escorrem pelo nosso rosto, demonstrando o estado que o nosso mundo interior se encontra diante das dificuldades e sofrimentos. O nosso coração se "fragmenta" em vários pedaços internamente, deixando escapar externamente a dor que isso significa. Desta maneira, perde-se o rumo total em decorrência de fatores diversos que todo ser humano enfrenta, muitas vezes, quase de forma inevitável em decorrência das circunstâncias negativas da vida que não pedidos para surgirem em nosso encalço, mas que surgem mesmo assim, sem a devida educação de bater na porta de nossos corações e esperar ser convidado para entrar: simplesmente agem com a violência de um ladrão, roubando a alegria e deixando no lugar a tristeza que, dia e noite, nos persegue como um algoz sem nos deixar a devida paz que ansiamos cultivar em nosso interior tão caótico.

  Se existe uma saída, não está no transitório, muito menos nas primeiras impressões que não buscam aprofundar-se nos detalhes dentro de uma ótica mais profunda das coisas inteligíveis, cuja resposta diz o que ocorre no mais íntimo do ser, sendo um espaço que não há muitos alardes a serem mostrados: somente aquilo que é objetivamente mais consistente e duradouro. Muitos olhares podem observar essa realidade de longe, mas poucos irão enxergar, de fato. Isso ocorre pela qualidade do observador ser praticamente nula, pois o mesmo não detém de um arcabouço intelectual de informações necessárias para entender o que está acontecendo — além de ser atrapalhado pelas paixões — a ponto de buscar uma devida solução para a causa da sua tristeza e suas possíveis consequências vindouras, se assim ela permanecer existindo. O fato de não conhecermos a outra realidade, o outro lado da moeda que revela o nosso estado real, nos permite apenas viver das primeiras impressões do que é puramente transitório em uma única realidade conhecida possível, sendo isto o que resta da nossa consciência humana — deficiente nas tarefas que lhe é atribuída — totalmente incapaz de entender o seu lugar no mundo e a ação que deve ser realizada. Não há estímulo algum que nos atraia para o outro lado se apenas existir este estado em que nos encontramos. Se a nossa visão não consegue vislumbrar algo fora deste tipo de realidade acachapante, nada poderá ser feito para tornar inteligível esse estado de tristeza. Talvez seja necessário irmos na direção contrária do que todos estão fazendo para entendermos o que se passa conosco.

  Mais do que informações intelectuais, a honestidade consigo mesmo poderia ajudar a responder o que, de fato, ocorre no mais íntimo do ser. Ser honesto consigo mesmo permite enxergar o que, muitas das vezes, o orgulho não permite. A honestidade abre portas reais, gerando uma oportunidade para refletirmos a respeito de nós mesmos e do motivo pelo qual estamos encalhados feito caravelas sem leme. Ao sermos honestos conosco, seremos imbuídos de uma luz poderosa, capaz de clarear qualquer escuridão aparente ou oculta. Usaremos essa luz para clarear a escuridão que nos impede de enxergar uma verdade: somos ignorantes a ponto de não sabermos a origem de nossas tristezas e que tão pouco temos os recursos necessários para superá-la. 

  Podemos superar certos momentos de tristeza com uma visão honesta de quem somos, que não esconde a escuridão existente, mas que clareia com a luz da honestidade e revela a verdade sobre o que realmente acontece. Mas, existe um tipo de tristeza fabricada quando a fraqueza é explorada como produto a ser consumido. Tal produto entra na mente do indivíduo e distorce certas características fundamentais que o torna único, de um jeito que o torna participante das tendências ou comportamentos que fazem parte da cultura vigente. A cultura vigente é castradora de sonhos e potencialidades, pois o que vale é o quanto as pessoas podem abraçar uma causa social e se sentirem aceitas em um determinado grupo. Nesta cultura, vale mais se guiar em uma perspectiva frustrante de avatares digitais, no qual a aparência e o estilo de vida supostamente incríveis são a única e necessária fonte de felicidade em suas vidas banhadas na tristeza do objeto que não se tem acesso, sendo este objeto o desejo a ser consumido. O objeto é desejado por ser algo consumível. Torna-se mais viável, através dessa cultura, se esbanjar no lúdico de tal objeto de desejo e se esquecer da responsabilidade que a vida requer. Isto não só traz consigo mais tristeza, como o indivíduo se enfraquece perante ela sem demonstrar uma reação digna de esforço. 

  Existem momentos de tristeza reais que só podem ser superados quando decidimos agir em função daquilo que funciona na vida concreta. Não adianta nos distrairmos na fantasia do que é apenas lúdico: o que é somente lúdico não tem profundidade, porque ser efêmero por si mesmo faz parte de sua natureza. Entender isso é ser honesto o suficiente para não se permitir ser conduzido não somente por si mesmo, mas também pelos outros, cujas vidas se resumem a se tornar um avatar que nada produz a não ser inflar o próprio ego narcisista. Evidentemente, existem coisas saudáveis que fazem parte do processo que alivia a tristeza enquanto paixão: a socialização com pessoas agradáveis, a exposição à luz do sol, eliminação de hábitos pouco saudáveis — sobretudo viciantes que desregulam os níveis químicos saudáveis dentro de um cérebro —, exercícios físicos, alimentar-se de forma saudável, exercitar o cérebro com atividades intelectuais e, o mais importante, ter um propósito que traz sentido à vida, sobretudo com pessoas que buscam as mesmas coisas. Sem um propósito, não há motivo para deixar a tristeza tendo em vista uma causa maior, e isso condensa tudo que podemos fazer para saber viver uma vida feliz com certos momentos de tristeza. É importante entender que haverá momentos de tristeza, mas a forma como lidamos com esse sentimento pode mudar tudo, seja para melhor ou pior. Certas atitudes positivas, sejam quais forem, fazem uma diferença enorme, desde que entendamos a realidade no qual são aplicados, tendo em vista um objetivo superior que tornará os nossos dias um poucos melhores.



Comentários

  1. Bom dia. Muito bom! Era o que eu estava precisando na minha reflexão. Obrigada pela dedicação e ajuda.

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