Belas Vistas da Vida: A Importância de se Contemplar o Belo
Quem de nós não buscaria contemplar o que é belo se houvesse uma chance clara de sucesso? Se houvesse uma chance clara, o belo nos atrairia pelo simples fato de ser mais atrativo ao ente que naturalmente busca por coisas atraentes, mas que encontra atrativo apenas no superficial, assim como é a humanidade em sua grande maioria que desconhece a realidade do que é verdadeiramente belo. Ao prestarmos atenção em certos gestos simples, como o respirar de um ar puro, o toque do vento em nossos rostos e a contemplação de imagens harmônicas presentes ao nosso redor — mundo este que revela sua beleza nos aspectos mais simples da natureza, cuja contemplação tornou-se corriqueira devido o nosso estilo de vida moderno —, sentimos que há uma diferença entre contemplar o que é belo nos mínimos detalhes e o deixar o tempo passar na insensibilidade corriqueira do dia-a-dia, sendo o primeiro uma satisfação prazerosa que sobressai à excelência que faz a diferença em sua pura simplicidade natural. Em uma bela viagem, naturalmente desejamos ficar próximos da janela para vislumbrar o mundo, porque o belo em si é atraente. O belo desperta uma atenção glamourosa e traz consigo uma sensação positiva, mais atraindo do que afastando, ao contrário das coisas que são mal vistas. Com a nossa atenção concentrada no vislumbre do belo, presente na paisagem dos verdes de uma grande floresta, nas águas agitadas de um mar profundo, nas nuvens de um céu gigantesco ou até numa cidade bem arquitetada por uma inteligência humana superior, com seus prédios e ruas bem elaboradas, somos capazes de ser transportados para uma instância superior que não é explicável pela banalidade trivial. Podemos perceber que existe uma beleza a ser vista, mesmo que o nosso olhar viciado não permita enxergá-la. Belas paisagens podem ainda ser descobertas e contempladas; belas construções históricas podem ser vislumbradas. Tudo isso constrói uma bela vista criando um espetáculo que se conecta com o nosso ser, tornando-se alimento para as nossas almas inquietas que buscam constantemente felicidade, trazendo sentido ao absurdo que insistirmos viver de forma tão corriqueira em nosso estilo de vida sujo e barulhento — o estilo de vida sujo, barulhento, ansioso, tedioso e perdido nas grandes cidades responde o que significa viver essa vida de forma corriqueira.
Se permitir contemplar aquilo que é belo através desse gesto fundamental da nossa existência é sentir a vida em todos os sentidos. Os sentimentos que brotam desse gesto, seja de alegria, paz e liberdade, transmitem algo real que nos transcende a uma instância superior de um nível básico e animal em que iniciamos, vivendo somente pelos seus instintos que julga serem os mais importantes sobre absolutamente tudo: sexo, conforto, facilidade, comida e abundância material. Nenhum animal é capaz de olhar para o céu azul, para as estrelas a noite e as paisagens oriundas do mesmo modo que um ser humano é capaz. Isso quer dizer se somente o ser humano é capaz de olhar uma paisagem de uma maneira diferente a ponto de enxergar algum sentido no que está vendo. Enxergar um sentido através disso significa transcender a sua própria animalidade. Todo ser humano possui essa capacidade, porém a desperdiça se rebaixando ao primeiro nível tão comum aos animais, em que o apelo sensível as coisas rasas e efêmeras se torna o centro do seu universo, não abrindo espaço para uma descoberta que possa revelar o que existe além, sendo este uma espécie de prenúncio do que pode existir de belo fora desse ecossistema banal. Se existe beleza objetiva no mundo afora, ela é visível e acessível se assim quisermos ver. Se o belo pode ser visível e acessível, devemos tornar o nosso ser acessível para recebê-lo, de tal modo que o belo faça parte de nós como unha e carne, tornando-se algo inseparável que não podemos viver sem sua influência. O belo é divino, pois faz parte da natureza do Criador. Sua harmonia faz jus ao propósito em que foi concebido, não apenas para satisfazer uma necessidade transitória animal, mas para mostrar algo além do que apenas podemos vivenciar momentaneamente. Aquilo que é transitório e efêmero torna-se esquecível, enquanto o que é eterno e duradouro permanece vivo em nossa memória e na história do mundo. Isto se torna alimento para a nossa imaginação, nos dando mais poder imaginário para sonhar fora do poder de um pesadelo que nos escraviza.
Devemos ter em mente que a vida é somente uma para ser tão desprezada em desperdícios que não levam a lugar algum. O tempo em que a envolve é quase único para igualmente todos, levando em conta o que cada um faz dele e o quanto dele ainda resta a cada indivíduo. Nos perdemos em meio a ambientes deploráveis de pura desconexão com a realidade. Com esse comportamento sem compromisso algum com os aspectos mais nobres da existência, perdemos a chance de desfrutar das boas coisas que a vida nos pode proporcionar, com o belo — sendo ele objetivo em sua natureza — presente na simplicidade de uma bela paisagem e naquilo que a inteligência humana é capaz de elaboar e construir. A atenção dispensada nesse aspecto fundamental somente nos faz crer em um mundo restrito que sempre é problemático, quando, na verdade, existe algo muito maior e prazeroso que podemos conhecer. Deve haver consigo um sentido maior do que apenas viver por viver. Os problemas cotidianos nos impedem de observar essa realidade belíssima, mas cabe a nós enxergar aquilo que os nossos olhos clamam para ver, mesmo que não a percebamos por ser uma tarefa praticamente impossível por conta das distrações e o estilo de vida caótico que conduz a humanidade. As distrações, por mais que sejam atraentes, não possuem o mesmo poder do que é a beleza objetiva presente no mundo. Se desacelerarmos o nosso percurso — que geralmente não tem um sentido bem definido — para contemplar o belo, talvez a sua influência daria um rumo ao nosso percurso sem destino, porque é exatamente isso que buscamos o tempo todo: um sentido para as nossas vidas, mesmo sendo em coisas contrárias ao nosso querer. Devemos ser sensíveis a essa realidade pelo menos uma vez e deixar que a contemplação do belo nos transforme em uma versão superior que somos chamados a ser.
Perfeitíssimo, é bem isso ai.Largar mão dos problemas do cotidiano, da vida de gado consumidor e viver mais a vida plena.......abraços
ResponderExcluirMuito obrigado!
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